Irmã Zélia

Filha de João, Pedreira do Couto Ferraz – vedor de Sua Majestade a Imperatriz, Conselheiro do Paço e Secretario do Supremo Tribunal - e D. Elisa de Bulhões (ambos filhos de famílias ditas cristãs), Zélia nasceu em 05 de abril de1857, em Ingá, Estado do Rio de Janeiro.

Infância

Iniciou os seus estudos aos 3 anos de idade aprendendo com seu pai as primeiras letras, além de algumas noções de geografia e história.

Desde pequenina demonstrava grande interesse pela religião, através de suas orações e dedicação à mesma.

Adolescência

Adquirindo grande cultura e saber, Zélia aprendeu a falar corretamente o francês, o inglês e o italiano, conhecendo também o latim, o alemão e o grego, e com o mesmo interesse aprendeu as ciências naturais e as belas artes. Sabia tocar piano e também compunha várias poesias. Porém, Zélia não se preocupava somente com o intelecto mas, principalmente, com a vida espiritual. Desta forma, era com grande prazer que conversava com Deus em suas orações e sentia a necessidade espontânea da prática da caridade... (era um espirito altruísta). Aos 18 anos Zélia começou a sentir grande necessidade de servir de maneira mais direta a Jesus, desejando ser noviça, no entanto, no Brasil ainda, não havia noviciado e além do mais ela não queria precipitar o seu próprio destino, preferindo esperar a decisão da Providência Divina.

Adulta

Nesta fase de sua vida conhece o seu futuro esposo, Jerônimo de Castro Abreu Magalhães estudante de engenharia, dado aos estudos filosóficos e também dedicado a religião. O jovem admirava o pai de Zélia e dessa forma acabou por conhecer sua família, conquistando a todos por sua pessoa culta, educada, simples e honesta. Foi dai que surgiu o entrosamento dos dois, bem como de suas famílias, que aprovaram é incentivaram o casamento. Desse modo, no dia 27 de julho de 1876 Zélia deixou seus pais para começar uma nova vida.

Vida de casada

Sua vida de casada passou-se, na maior parte, no município do Carmo, Estado do Rio, na fazenda Santa Fé, onde desenvolveu vários trabalhos em prol de seus semelhantes. Seus vizinhos, as crianças pobrezinhas que ali viviam, entre outros, considerava como verdadeiros irmãos.

Mesmo quando os filhos começaram a nascer, para á alegria do casal, Zélia continuou seu trabalho, sem porém prejudicar jamais as suas tarefas de mãe, esposa e dona de casa.

Zélia teve l0 filhos (3 meninos e 7 meninas), tendo uma de suas filhas falecido ainda criança por graves problemas de saúde, ocasionados basicamente pela ama de leite, a quem Zélia perdoou e ajudou mesmo depois de tudo saber ...

A todos seus filhos Zélia educou e amou, com muito carinho e cuidado, de modo à que não viesse a fazer distinção entre eles. Procurou selecionar as suas amizades, seus professores e os melhores colégios, tanto em caráter moral como cultural. Todos eles seguiram a carreira religiosa, sem contudo, serem coagidos pelo pai ou pela mãe, mas sim pela espontaneidade e pela influência amorosa e carinhosa de Zélia, que lhes mostrou o caminho da perfeição, servindo a Deus por meio da ajuda aos semelhantes na Terra.

Viúva

Após 33 anos de um casamento de muita felicidade entre os cônjuges e a família, o marido de Zélia desencarnou, deixando-a com os filhos já criados, educados e bem encaminhados na vida.

Depois do desencarne, de Jerônimo, Zélia, ainda muito triste porém resignada, cuidou de seu pai até a morte. E nos momentos vagos ensinava a doutrina cristã para 200 crianças em uma escola pública, alem de outras obras de caridade.

Freira

Com o falecimento dê seu pai, Zélia realizou o que almejava há vários anos, mesmo antes de se casar: entrar para o convento. Todavia, antes de fazê-lo, doou tudo o que tinha e queimou todas, as lembranças materiais que possuía.

Ao entrar para o convento "Adoradoras do Santíssimo Sacramento", já com 60 anos, Zélia recebeu o nome de Irmã Maria do Santíssimo Sacramento. Isso ocorreu em 22 de janeiro de 1918 e Zélia não estava com a saúde muito boa. Ainda ai realizou várias obras que a tornaram um verdadeiro exemplo para as demais irmãs.

Desencarne

Passados vários meses que Irmã Maria se encontrava no convento, seu estado físico agravou-se, sendo levada ao hospital. E no dia 08 de setembro de 1919, passados já alguns minutos da meia-noite, justamente na hora em que Irmã Maria costumava fazer suas orações na capela, ocorreu seu desencarne.

Suas últimas palavras foram para 4 filhos que a cercavam:- "Sede santos, meus filhos. Sede santos..."

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Hoje, no mundo espiritual, esse espirito fabuloso chama-se apenas Zélia. Alma elevada e iluminada, Zélia espalha seu doce perfume de amor por todos os locais. Em nossa humilde casa de trabalho, juntou-se a outros companheiros para o trabalho edificante do Bem. É assim que em todas as reuniões que aqui realizamos Zélia se apresenta. Não podemos vê-la mas podemos senti-la, sentindo também mais perto de nós a presença de Jesus, nosso Mestre. Pedimos a Ele que nos ajude no trabalho. a realizar, para que um dia, com a permissão de Deus, possamos nos reunir a esse espírito para a continuação da tarefa, espírito a quem carinhosamente chamamos de "Irma Zélia".

Bibliografia

"IRMA ZÉLIA - Breves traços de sua vida, em homenagem à Mãe Brasileira” (Fernando Pedreira de Castro).
6a. Edição - São Paulo - 1973.

(EXTRAÍDA DA-REVISTA "SEGUE-ME" N.º 34)